quinta-feira, 29 de setembro de 2011

- Saudade


Engraçado como as lembranças de tempos que se foram me fazem tão bem. Deito na cama e deixo a memória me levar para as imagens que me fazem tão feliz. As manhãs que vinham acompanhadas de sorrisos, violão e amizade. As conversas durante as tardes quentes, sentados na calçada da casa amarela, jogando conversa fora.  As noites que traziam pizza, telefone, praça, diversão. E vou voltando devagar pra cada momento, deixando sentir os abraços na pele, as risadas no ouvido, os sabores nos lábios. Um sorriso se espalha pelo meu rosto, travesso, como se pudesse reviver cada pequeno dia. E então me vêm as lembranças dos últimos dias, quando estávamos mais juntos do que nunca, como se aquilo fosse amenizar a falta que tudo aquilo faria depois. Então meu sorriso esmorece lentamente, enquanto as lágrimas escorrem. Não lágrimas de tristeza, não lágrimas de alegria. Apenas nostalgia por querer ter e não poder, por querer que o tempo voltasse. Mas pelo contrário, ele só faz correr, e como jato vai me deixando pra trás na vida que eu ainda gostaria de ter. E por mais que eu saia daquele lugar, ele nunca vai sair de mim. Eu ainda posso sentir o coração apertar e o bolo na garganta se formar, como se mais uma vez fosse aquele "ultimo" dia. E vou sentindo saudade da rotina recheada de surpresas, até despertar dos devaneios bruscamente. A monotonia disse oi e a saudade mandou lembranças.

- Só Nosso


Você estava lá, e era aquilo o que importava. Eu estava contando com você, pra tudo. Na alegria, na tristeza, na saúde, na doença. Eu me sentia bem com você por perto, eu me sentia feliz. Por todas as nossas risdas, por todas as nossas loucuras, por todos os nossos segredos, por todas as nossas saudades. Eu me sentia bem por saber que você me conhecia tão bem e pelo simples fato de não precisar falar quando precisava de você, você simplesmente já estava lá. E nós passávamos o nosso tempo inventando músicas toscas, contado as piadas mais sem graça do mundo, e ficávamos feliz só por aquilo ser tão real.  Por ser tão nosso. Por ser só nosso.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011


- Strange


Cheguei em casa, subi as escadas sem hesitar na porta e fui direto ao quarto. Imersa em pensamentos, deitei na cama, afundando o rosto no travesseiro. O que estava acontecendo comigo? Senti a necessidade de ouvir a resposta de alguém. Do meu melhor amigo, talvez. Peguei o telefone e disquei o número sem hesitar. Ele atendeu rapidamente, com a voz rouca. Eu não disse nada. Algo na voz dele me imobilizou. Ele também não disse nada. O silêncio era constrangedor. Eu quase pude ouvir seus pensamentos, junto a sua respiração. Um nó se formou em minha garganta. Depois de alguns minutos, consegui falar. “Como é amar?”, perguntei num sussurro fraco e rouco. Foi meio estranho perguntar. Um silêncio cruel e doloroso preencheu o ar. Queria acreditar que o som que rompeu esse silêncio, não era o som de suas lágrimas. Alguns outros minutos de silêncio se seguiram. “Ouvi falar que é estranho. E realmente é…”, ele começou. Esperei. “Ouvi falar que a gente perde o chão, que é como se um abismo tivesse se aberto abaixo dos pés…”, completou. Ele parecia mais seguro agora. “E é assim?”, perguntei. “Comigo foi diferente. Foi como se, pela primeira vez, o chão estivesse ali. Como se eu soubesse que poderia caminhar sem que nada me derrubasse.” Aquelas palavras me preencheram. "Quem é ela?" perguntei imediatamente me arrependendo. Ele suspirou, e as palavras saíram pesadas, como se estivesse fazendo um grande esforço. "Você", enfim ele respondeu. Suspirou mais uma vez e desligou o telefone. Alguns segundos depois, meus lábios se moveram involuntariamente, guiados por meu coração. "Eu também amo você." Ele precisava ouvir as minhas palavras.

- Flutuar


Ela sentia-se flutuar. Enquanto estava ali em seus braços, não passava realmente nada claro pela cabeça além de que não queria sair nunca dali. Aquele abraço que lhe trazia a paz que nunca teve e aquietava seu coração, fazendo com que ele batesse descompassado dentro do peito. Lembrava-se de seus momentos bons e das brincadeiras bobas. Foram tantas as coisas vividas. Fechou os olhos. Queria falar a ele tudo o que sentia, mas era impossível. Não existiam se quer palavras para descrevê-lo. Virou-se e olhou para ele. "Vou te amar pra sempre", ela disse enquanto o observava. Ele retribuiu com um sorriso gentil. Sabia que não era verdade, mas gostava de acreditar. Não queria mais apenas um abraço. Apoiou o roto dela em suas mãos e beijou-a. Se antes ela estava apenas flutuando, agora tinha certeza de que chegara ao céu.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

- Vai Chegar


Eu fico tentando encontrar palavras pra entender e descrever a falta que você me faz. Sinto falta dos seus carinhos, dos seus conselhos e juro que às vezes, sinto falta até das suas gritarias. Mas só às vezes. Algumas noites eu fico olhando pela varanda, imaginando no que você deve estar pensando ou o que você estar fazendo. Imaginando se você sente tanto a minha falta quanto eu sinto a sua. Já disse o quanto tenho medo de te perder? Sabe, ficar longe de você é ruim sim, mas eu sei que uma hora você vem e vai me fazer um cafuné e me mimar do jeito que apenas você sabe fazer. E então eu posso dormir em paz, com o consolo de saber que uma hora você sempre vai chegar.
Agora leia de trás pra frente. Dói né?

- Meu Príncipe


Você que eu amo tanto, está longe de mim. Mas todas as vezes que escuto sua voz, é como se nossos corações estivessem colados um no outro. Poderia passar horas pensando no seu sorriso, no seu rosto e no dia que nos vimos pela primeira vez. Você não sabe o quanto eu esperei por um príncipe encantado, de cavalo branco e com uma capa vermelha. Até me aparecer você, meu príncipe de calça jeans e uma camiseta divertida qualquer. Que me faz rir, que cuida de mim e que faz um bem tão grande, que me faz esquecer do resto do mundo por alguns segundos. Eu tenho cuidado de você aqui dentro de mim, tenho te guardado com todo o meu amor, para que você não vá embora. Eu fiquei tão dependente de você, tão feliz por saber que você existia nesse mundo. E me perguntei infinitas vezes o porque do meu coração disparar quando eu te via, ou porque ficava tão pra baixo quando você não me ligava. "Talvez seja amor", é o que posso concluir. De noite, meu único pedido para as estrelas cadentes que avisto de minha varanda é que você esteja bem. Só queria que você estivesse aqui, pra segurar minha mão quando eu sentisse medo ou me dar um abraço quando eu estivesse com frio, mas tudo bem. Não vão ser esses pequenos detalhes que acabarão com isto que cresce a cada dia dentro do meu peito. É, quem sabe realmente seja "amor".

terça-feira, 20 de setembro de 2011

- Desalmada


Estava doendo mais do que as expectativas. Muito mais. Ela sinceramente não esperava aquilo tudo desmoronar dentro de si, não esperava chorar tanto. Mas a acidez de suas próprias palavras a tinham machucado. Que ser humano inútil este que consegue ferir a si próprio e a todos que estão ao seu redor? Que consegue afastar, que consegue magoar? Tão desprezível quanto ratos jogados na sarjeta. E aquilo ia doendo, doendo, doendo. Cada vez mais fundo. E ela repetia “Vai ficar tudo bem”, “Eu fiz o melhor”, desesperadas vezes. Infinitas vezes. Só pra ver se passava, pra ver se curava aquilo que tinha se aberto dentro de seu peito. Repetia mais tentando convencer a si própria do que aos outros. E articulava os mais diversos sorrisos, mas não funcionava. E ela voltava a chorar, chorar, chorar. Feito uma criança com fome. Mas não passava. Ela se atirou em meio aos lençóis, tentando fugir de si. Impossível. Ela estava com nojo, com dor. Seu corpo estava dormente, seus olhos fechados e ela só conseguia pensar “Vai passar, vai passar”. Não conseguiu dormir, não conseguiu sonhar. Só sabia dizer “vai passar, vai passar” como um gravador programado. Como um vazio articulado. Como um material desalmado. Desalmado.
- Eu não sou seu anjo. Sou só um bom amigo que te ama. Ou melhor, que te amava.

- Sem Saber


Era só tristeza mesmo. Queria só passar o resto do dia escondida no escuro de seu quarto, como rosto pregado no chão gelado. Pensando na vida, sentindo saudade daqueles que tanto lhe faziam falta. Não queria gritar, não queria chorar. Queria apenas que aquela sensação de solidão saísse de perto. Doía mais do que o necessário, a fragilizava mais do que o necessário. Ela derramou uma lágrima apenas, onde contia toda a tristeza daquele momento, enquanto se ajeitava em qualquer posição mais confortável. Respirava normalmente, treinava sorrisos para poder exibir quando abrisse a porta. Fez aquilo durante longos minutos, que se tornaram logas horas, até dormir. Um sono leve, tosco. Até uma pequena fresta de luz lembrá-la que já era dia. Mais um dia como todos os outros.

- Sorriso


Posso dizer algumas coisas imprudentes? Você tem o sorriso mais encantador que eu já vi em toda a minha vida. E desde a primeira vez que eu ví o seu sorriso, eu tenho sonhado com eles todas as noites. Uma atrás da outra, incessantemente. Talvez você nunca tenha me notado, ou vá jogar esta carta fora, como uma folha de papel qualquer, mas estou sendo muito sincero. Tão sincero quanto isso que eu sinto aqui dentro do meu peito. Sempre fui o tipo de cara durão, que não se abala por nada, mas tenho que confessar que todas as vezes que eu te vejo, sinto meu peito estremecer. E dói te ter tão longe de mim. Fico pensando no seu perfume e em como seria bom poder te abraçar todos os dias, fico pensando em como seria se você fosse a minha garota. É, eu acho que eu amo você. De uma maneira bem ridícula, pois até um dia desses eu não me apaixonava por sorrisos. Mas o seu garota, o seu é tudo aquilo que eu nunca ví.

domingo, 18 de setembro de 2011

- Até Passar


Talvez você não entenda, mas eu quero continuar aqui nesse escuro. Eu quero continuar aqui sozinha, quero continuar chorando. Pelo menos até isso passar. Essa tristeza que está me incomodando, essa solidão que nem sequer existe. Não peça pra eu falar, eu não quero. Senta aqui, deixa eu deitar no seu colo. Me faz um cafuné e mostra pra mim que você está aqui, mas não pede pra eu te dizer. Eu não sei o que é e ouvir você pedir pra explicar o que eu sinto, só faz com que eu me sinta pior. Só faz com que eu veja que está doendo sem motivos. Não insiste, só senta aqui e deixa eu chorar, até dormir, até passar.

sábado, 17 de setembro de 2011

- Você Sabia


Você sabia o jeito de falar comigo quando eu estava com raiva e a maneira perfeita de me fazer ciúmes. Você sabia como eu gostava do meu café, do meu sorvete, do meu chocolate. Você sabia a maneira de me abraçar, daquele jeito apertado como se nunca quisesse me deixar partir, mas logo em seguida me soltar pra que pudesse só ficar do seu lado e perceber que eu era livre pra escolher. Você sabia como levar a vida do meu lado, de um jeito que até hoje ninguém descobriu. E agora fico me vendo aqui, tão ridiculamente dependente de você, tão cansada de procurar você em outros lugares e nunca achar. Me vejo aqui procurando alguém que saiba tocar a melodia de acordo com o ritmo do meu coração, como só você sabia fazer.

Dizeres

Meus leitores, me perdoem por não estar postando nas últimas semanas. Infelizmente, eu estou sem internet e postar os textos está cada vez mais difícil (o tempo está ficando curto! haha). Mas não se preocupem, sempre que der vou aparecer com uma novidade por aqui. Obrigado por continuarem firmes e fortes do meu lado!

Beijos, Marselle Rodrigues.

- Sua


E eu quis descansar no teu abraço e contemplar o teu sorriso. Quis que fossemos só nós dois, esparramados na cama bagunçada conversando sobre a lua. Quis que você me mordesse, me fizesse cócegas enquanto eu tentasse me desvencilhar dos teus beijos. Eu quis ser sua, de verdade e por inteiro, pela primeira vez. Assim, só nós dois. Sussurrando segredos, tentando decifrar as expressões na penumbra da noite, se embriagando com o perfume, entorpecidos com o toque da pele quente. E simplesmente amar, amar e amar. Eu quis ser sua, devagar e sem pressa. Só ser sua.

- Escuro


Éramos nós dois, no escuro da sala gelada, observando o que se passava na tela. Apenas observando. Com a cabeça em qualquer outro lugar, em qualquer outro passado. Nossas mãos juntas, como se não fossemos nos separar nunca mais. Eternamente ligados. Assim estávamos e permaneceríamos depois do comum adeus. E voltaríamos às nossas rotinas, com saudade do abraço, do carinho e da vida que deixamos pra trás. Saudade que incomodaria e faria doer mais do que o necessário. E iríamos nos ignorar, pra tentar esquecer. Até o próximo escuro, às próximas mãos dadas e o próximo momento em que nos alimentaríamos um do outro. Como um círculo vicioso de amor, em que nos veríamos encurralados por nosso próprio coração, ou quem sabe, pelo que restou dele.