Hoje era pra ser o nosso dia.
Aquele dia que tanto esperávamos todos os anos, para comemorar o nosso amor. E
de presente neste dia, ganhei nossas ruínas. Olho pro que sobrou de nós com o
mesmo carinho o qual olhava pro seu sorriso de moleque sapeca todas vezes que
contava uma piada. Respiro fundo. Somos um capítulo bonito com um trágico final
no passado das nossas vidas, o qual eu lamento todos os dias por ter acabado
desse jeito tão dolorido. Como aquela ressaca literária depois de ler algo
muito impactante pros olhos e pra mente. Lamento. Não o tipo de lamentação de
quem sofre, mas o tipo de lamentação de quem sente saudade. A saudade boa, de
algo que não deve ser revivido.
Hoje era pra ser o nosso dia. Mas
não é. Hoje é só mais um vinte e dois de fevereiro, desses que tem chuva e que
não aconteceu em ano bissexto. Desses que eu sequer saí de casa. Desses que eu
ouvi música e me ocupei com as coisas da universidade. Desses que eu falei com
o maior número de amigos possível. Desses dias que são muito comuns desde que
você se foi.
Seja lá onde você estiver, como
estiver, fecho os olhos e torço pela sua felicidade, e pelo mais sinceros dos
seus sorrisos. Torço por alguém que te faça muito feliz. Torço pra que você não
se transforme naquilo que afasta o amor de verdade. Torço, pois mais que um
amor, você foi um amigo daqueles que me conhecia como a palma da mão. Hoje
fazem alguns meses desde que você partiu. E já não sinto a sua falta como
antes, e tem até mesmo aqueles dias que eu sequer lembro de você. Mas hoje não.
Hoje era pra ser o nosso dia e
essa tua ausência até incomoda. E o medo de saber que tenho te esquecido e
deixado essa enorme parte de mim ir embora assusta. O futuro bate na porta e tem pressa de chegar, amor. As coisas têm mudado rápido demais desde que você se lançou porta à fora pra nunca mais voltar.
E penso, repenso, trepenso... Respiro fundo. Lamento. No fim das contas, talvez hoje não fosse pra ser o
nosso dia. Mas é.