domingo, 22 de fevereiro de 2015

- Hoje Era Pra Ser O Nosso Dia


Hoje era pra ser o nosso dia. Aquele dia que tanto esperávamos todos os anos, para comemorar o nosso amor. E de presente neste dia, ganhei nossas ruínas. Olho pro que sobrou de nós com o mesmo carinho o qual olhava pro seu sorriso de moleque sapeca todas vezes que contava uma piada. Respiro fundo. Somos um capítulo bonito com um trágico final no passado das nossas vidas, o qual eu lamento todos os dias por ter acabado desse jeito tão dolorido. Como aquela ressaca literária depois de ler algo muito impactante pros olhos e pra mente. Lamento. Não o tipo de lamentação de quem sofre, mas o tipo de lamentação de quem sente saudade. A saudade boa, de algo que não deve ser revivido.
Hoje era pra ser o nosso dia. Mas não é. Hoje é só mais um vinte e dois de fevereiro, desses que tem chuva e que não aconteceu em ano bissexto. Desses que eu sequer saí de casa. Desses que eu ouvi música e me ocupei com as coisas da universidade. Desses que eu falei com o maior número de amigos possível. Desses dias que são muito comuns desde que você se foi.
Seja lá onde você estiver, como estiver, fecho os olhos e torço pela sua felicidade, e pelo mais sinceros dos seus sorrisos. Torço por alguém que te faça muito feliz. Torço pra que você não se transforme naquilo que afasta o amor de verdade. Torço, pois mais que um amor, você foi um amigo daqueles que me conhecia como a palma da mão. Hoje fazem alguns meses desde que você partiu. E já não sinto a sua falta como antes, e tem até mesmo aqueles dias que eu sequer lembro de você. Mas hoje não.
Hoje era pra ser o nosso dia e essa tua ausência até incomoda. E o medo de saber que tenho te esquecido e deixado essa enorme parte de mim ir embora assusta. O futuro bate na porta e tem pressa de chegar, amor. As coisas têm mudado rápido demais desde que você se lançou porta à fora pra nunca mais voltar.
E penso, repenso, trepenso... Respiro fundo. Lamento. No fim das contas, talvez hoje não fosse pra ser o nosso dia. Mas é.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

- Não Fica


Não, não fica me dizendo que quer meu bem, que me deseja toda a felicidade. Engole esse discurso furado e fala de toda essa malícia que você guarda nos olhos todas as vezes que me vê. Não fica parado aí do outro lado com um desses teus risos frouxos estampado na cara. Atravessa esse corredor e deposita teus beijos quentes na minha boca, no meu pescoço, nos meus ombros e no meu corpo inteiro. Não brinca com esse copo enquanto me escuta falar, mas faz tudo isso que está passando pela tua cabeça enquanto você evita os meus olhos. Não me escuta. Me cala com pressa, com calor.

Arrepia minha nuca. Enlaça teus dedos nos meus cabelos. Mas, por favor, não fica movendo esses lábios de maneira tão graciosa como se não soubesse o que fazes comigo. Para de me interpretar com todo esse sentimentalismo barato, de poetizar as minhas atitudes, de romantizar a carne como se eu fosse um livro que você já sabe o final. O que eu quero mesmo é pele, meu bem, a tua pele na minha. Não fica me observando com paciência. Me faz fechar os olhos enquanto falas ao pé do meu ouvido todas aquelas coisas que ninguém deve saber. Não mede as palavras, não pensa nas palavras, só diz.

Arranca a minha roupa com a urgência de quem não sabe quanto tempo vai durar a vida. E o resto, amor, o resto deixa pra depois. Não se priva de tudo isso que consome o silêncio entre nós como fogo. Explosão. Vem aqui, olha o que tem por trás dessa boca pintada de vermelho, desses olhos delineados e desse perfume doce. Nem tudo se trata de amor, meu bem. Às vezes é só desejo daquilo que não se tem.