É quando a
gente menos espera mesmo. Não era mentira, não era lenda urbana, não era
conversa para boi dormir. Chegou e chegou com tudo, feito um jato, uma bomba
para implodir minhas construções. Arrebentou cada conexão de lógica e
equilíbrio que me permiti trançar uma a uma. Quando eu percebi, já estava num
emaranhado de muito sentir e contar. Os dias, as horas, os minutos, os
segundos. Em ordem decrescente, em ordem crescente, sem ordem. Uma armadilha em
que eu caí e me acomodei de tão sutil e doce que foi.
De repente,
você percebe que pode viver anos em poucos dias e que duas horas podem se
transformar em semanas. Aprende sobre a relatividade do tempo que assusta e que
com ela, o medo, a angústia, a euforia, a alegria, vão de um extremo ao outro
em pouquíssimo tempo sem nem perguntar se você está preparado. E você, que
despretensiosamente estava a cada dia mais progredindo no equilíbrio na yoga da
vida, passa a ser o mesmo iniciante que mal consegue ficar sobre um pé só.
Seu coração
dispara e desespera numa calma que só quem sentiu sabe explicar. Sente coisas
que se prometeu nunca mais sentir, se permite coisas que prometeu não se
permitir e pensa. Pensa demais, demais, demais, porque se tem uma coisa que a
nossa mente não faz é perdoar.
"E se?".
Conversas longas.
Cervejas. Pele.
“E se?”.
Eco. Canção.
Sorrisos.
“E se?”.
Prosa. Perfume.
Sentidos.
“E se?”.
Distância.
Inconstância. Medo.
“E se?”.
Querer. Tempo.
Intuição.
Desconhecimento.
Infindável fim. Fim de começo. Que nome você daria para algo que você não sabe
nem como sentir? Algo que fazem as palavras fugirem? Se você souber, vou
aguardar um contato seu. Talvez eu ainda consiga retomar as lógicas que me
fugiram.