segunda-feira, 23 de março de 2015

- Ela Amava, Ela Odiava


Ela dirigia por aí enquanto sentia o vento bater no rosto nu. Fechava os olhos. Pensava nele. Abruptamente recriminava a sensação. Mas ele tinha aquela coisa que nem ela sabia direito o que era. Só sabia que queria desesperadamente se jogar naqueles olhos. Os mesmos olhos que passavam pela mente dela várias vezes durante o dia. Ela amava sentir aquilo. Ela odiava sentir aquilo. Ela não queria sentir. Não podia sentir.
O trânsito começava a engarrafar e a luz vermelha do carro da frente irritava os olhos dela. E a boca vermelha dele incitava o coração. Ela vivia tamanha agonia. Sem ar, recitava para si mesma: "Eu quero sem querer te querer". A mente dela reverberava o som da voz dele. Ela queria tanto, com todas as forças superar aquilo. Mas não estava dando certo. Ela amava querer ele. E odiava o dobro.
O carro andava a míseros 14 km/h e ela pensava no quanto queria confessar a ele tudo aquilo o que andava sentindo. Ela fechava os olhos. Não queria estragar tudo. Só queria ele por perto, seja como fosse. Mas ele tinha aquela coisa que nem ela sabia direito o que era. Só sabia que queria desesperadamente beijar aquela boca. Suspirava.
Ela sabia que ele era precioso mesmo que nem ele mesmo soubesse isso. Mas era aquela coisa, a gente aceita o amor que acha que merece e ele achava que não merecia sequer receber amor. Solavanco abrupto do carro da frente e um susto que interrompeu seus pensamentos.
Alivio. Esses pensamentos levavam a uma neura sem fim. Aumentou o som. Celular vibrou. Era ele. Ela sorriu. Amou sorrir. E odiou fervorosamente logo em seguida.

Malditos sejam os sentimentos não correspondidos.