sábado, 17 de setembro de 2011

- Escuro


Éramos nós dois, no escuro da sala gelada, observando o que se passava na tela. Apenas observando. Com a cabeça em qualquer outro lugar, em qualquer outro passado. Nossas mãos juntas, como se não fossemos nos separar nunca mais. Eternamente ligados. Assim estávamos e permaneceríamos depois do comum adeus. E voltaríamos às nossas rotinas, com saudade do abraço, do carinho e da vida que deixamos pra trás. Saudade que incomodaria e faria doer mais do que o necessário. E iríamos nos ignorar, pra tentar esquecer. Até o próximo escuro, às próximas mãos dadas e o próximo momento em que nos alimentaríamos um do outro. Como um círculo vicioso de amor, em que nos veríamos encurralados por nosso próprio coração, ou quem sabe, pelo que restou dele.