segunda-feira, 26 de setembro de 2011

- Strange


Cheguei em casa, subi as escadas sem hesitar na porta e fui direto ao quarto. Imersa em pensamentos, deitei na cama, afundando o rosto no travesseiro. O que estava acontecendo comigo? Senti a necessidade de ouvir a resposta de alguém. Do meu melhor amigo, talvez. Peguei o telefone e disquei o número sem hesitar. Ele atendeu rapidamente, com a voz rouca. Eu não disse nada. Algo na voz dele me imobilizou. Ele também não disse nada. O silêncio era constrangedor. Eu quase pude ouvir seus pensamentos, junto a sua respiração. Um nó se formou em minha garganta. Depois de alguns minutos, consegui falar. “Como é amar?”, perguntei num sussurro fraco e rouco. Foi meio estranho perguntar. Um silêncio cruel e doloroso preencheu o ar. Queria acreditar que o som que rompeu esse silêncio, não era o som de suas lágrimas. Alguns outros minutos de silêncio se seguiram. “Ouvi falar que é estranho. E realmente é…”, ele começou. Esperei. “Ouvi falar que a gente perde o chão, que é como se um abismo tivesse se aberto abaixo dos pés…”, completou. Ele parecia mais seguro agora. “E é assim?”, perguntei. “Comigo foi diferente. Foi como se, pela primeira vez, o chão estivesse ali. Como se eu soubesse que poderia caminhar sem que nada me derrubasse.” Aquelas palavras me preencheram. "Quem é ela?" perguntei imediatamente me arrependendo. Ele suspirou, e as palavras saíram pesadas, como se estivesse fazendo um grande esforço. "Você", enfim ele respondeu. Suspirou mais uma vez e desligou o telefone. Alguns segundos depois, meus lábios se moveram involuntariamente, guiados por meu coração. "Eu também amo você." Ele precisava ouvir as minhas palavras.