Contarei à
vocês um pouco sobre o amor pelo céu de certa menina dos cabelos cor de fogo.
Era algo ensandecido, do tipo que não faz sentido para alguém que não tem
paixão nas belezas do mundo.
Saía furtivamente das aulas da universidade para ter o prazer de olhar as nuvens dançando na atmosfera e suspirava ao dar de cara com o sol de fim de tarde contrastando com as árvores. Dirigia por aí procurando o momento ideal para parar o carro e fotografar a beleza da aurora. Passava frio durante as madrugadas só para observar as estrelas da sua varanda enquanto fumava um cigarro para esquentar os pulmões. Amava o degrade de cinza dos dias de chuva e cegava-se ao chocar a vista com o azul-perfeito-brilhante de uma manhã sem nuvens. Não achara nessa vida uma nuance que não fosse linda. E encantava-se todas as vezes com as mesmas coisas. 1, 2, 3... Incansáveis vezes.
Saía furtivamente das aulas da universidade para ter o prazer de olhar as nuvens dançando na atmosfera e suspirava ao dar de cara com o sol de fim de tarde contrastando com as árvores. Dirigia por aí procurando o momento ideal para parar o carro e fotografar a beleza da aurora. Passava frio durante as madrugadas só para observar as estrelas da sua varanda enquanto fumava um cigarro para esquentar os pulmões. Amava o degrade de cinza dos dias de chuva e cegava-se ao chocar a vista com o azul-perfeito-brilhante de uma manhã sem nuvens. Não achara nessa vida uma nuance que não fosse linda. E encantava-se todas as vezes com as mesmas coisas. 1, 2, 3... Incansáveis vezes.
Para ela, o
céu era muito mais que partículas e átomos flutuantes. O céu falava sobre
recomeços e sobre a vida não parar, mesmo quando tudo o que queremos é que
pare. E sentia uma sintonia entre si mesma e aquelas variações atmosféricas
exibidas na aquarela do mundo. A sinestesia dos sentidos ao alterar a mente e
ver o céu verde, vermelho, multicolorido e ainda assim saber que era azul.
Passava segurança o céu ali.
Quando a vida
a deixava cabisbaixa, o sol vinha contar-lhe aos ouvidos a novidade do nascer
todos os dias. As nuvens corriam as pistas em várias formas diferentes, se
desfazendo, se misturando, entregando a ela a arte da mutação. E a verdade de
que o tempo não parava jamais. As estrelas, com seu singelo brilho herdado do
sol, mostravam que não importava o quão grande fosse a escuridão, sempre
haveria no que se apegar. E por fim, a lua e sua arte de desaparecer e ser
considerada “nova”. A novidade daquilo que não se vê.
Ao me contar
essas coisas, você não acreditaria na emoção que entranhava-se em cada uma de
suas palavras. Chegava a ser bonito ver a esperança depositada ali, no céu, algo
que jamais vai se desfazer. E lhe digo eu, duvido que depois de entender as
razões pelas quais aquela garota cabelos cor de fogo olha pro céu e demonstra
uma felicidade indecifrável, você continue olhando-o da mesma forma que antes.