sexta-feira, 4 de novembro de 2011

- Faltava Algo


Naquele dia, por algum motivo que desconhecia, o sol havia nascido mais escuro. E por mais que seu sorriso estivesse no rosto, seus olhos estavam tristes. E sua alma estava sedenta por sentir qualquer coisa que não fosse nada. Ansiava por uma instabilidade, por menor que fosse. Queria amor, queria amor e mais amor. Queria sentir alguma coisa que a fizesse perder os sentidos. Mas dentro de seu peito só batia aquele coração vazio, empoeirado pelo tempo, gritando e ouvindo o eco de seus lamentos de solidão. As músicas embalaram seus momentos solenes em sua própria companhia, e aquela ausência de tudo, a fazia esmorecer devagar. Seu brilho estava se perdendo, as coisas estavam ficando escuras e enfim, o fundo lhe pareceu muito assustador. Escuro, gelado, frio, solitário. E até os mais próximos já não conseguiam lhe compreender. Os mais próximos já não eram tão próximos. Seus olhos transformaram o estado físico de suas dores e as tornaram lágrimas. Salgadas, ácidas e sinceras. E o mais esquisito de tudo, era que ela nem sequer sabia de onde vinha aquilo dentro de si, mas sabia que começara a doer fazia um tempo e que desta vez, já não era capaz de ignorar. Faltava algo.