domingo, 2 de outubro de 2011

- Demora


Me jogar. Era aquilo que eu desejava. Dançar até minhas pernas não suportarem mais, até esquecer do resto do mundo. Esquecer você em qualquer copo de vodka que me oferecessem, ou talvez só perder todas as forças a ponto de não conseguir pensar. Em você, em nós. Por quanto tempo aquilo permaneceria dentro de mim? Já haviam se passado 279 dias desde que eu parti, e aquela ausência de você ainda me enlouquecia. Seria capaz de reconhecer seu perfume do outro lado do mundo, pois ele ainda estava cravado na minha memória. Apesar de tudo. Apesar dos desencontros, desentendimentos, mentiras. Absolutamente tudo o que vinha recheando nossa superficial relação desde que tudo acabou. E apesar de tudo, eu ainda queria te sentir aqui. Respirei fundo enquanto corava meus lábios com batom. No espelho estava a garota fatal, do sorriso encantador, do perfume marcante, das curvas enlouquecedoras. Por dentro estava instável. Totalmente vulnerável a qualquer coisa que me destraisse de você. E traçava todos os planos para aquela noite, enchendo-me de uma falsa empolgação. Por fim, peguei as chaves que estavam em cima da escrivaninha, próximas ao último texto que escrevi sobre você. Apertei os olhos, levantei o rosto e saí. Sabia que mais cedo ou mais tarde aquilo iria passar, mas já não estava demorando tempo demais?