Ela estava sentada em um canto sozinha, fitando concentradamente o nada, como se pudesse encontrar ali algo que mudasse a monotonia que seus dias haviam se tornado. Seus pensamentos flutuavam como aves em alto voo sem rumo certo. Ela não estava mal, mas podia sentir os gritos que nunca foram dados rasgando seu peito. Atordoada, só queria entender o porquê de se sentir assim, afinal, a vida estava perfeita. Notas boas, família feliz. O que mais ela poderia querer? Ela sabia que aquela insatisfação estava lá dentro da sua cabeça, gritando pra ela largar tudo e se esconder embaixo dos seus cobertores. Então ela levantou a cabeça, e ali estava aquele sorriso. Seus pensamentos foram desativados, seus devaneios maléficos deixaram de existir e a sensação de felicidade era a mesma de quando melodias suaves entravam por seus ouvidos.
- Bom dia! – Ele disse com um tom animado e abriu os braços para abraçá-la. A garota fechou os olhos e sorriu, enquanto tudo ao seu redor desaparecia lentamente.
- Agora que você está aqui, um ótimo dia! – Ele sorriu, o sorriso calmo e sincero de sempre, e a abraçou. Queria cuidar dela, ele podia ver que seus olhos não estavam sorrindo como ele gostaria de ver, mas estava disposto a fazer o que precisasse para fazê-la feliz.
Ela relaxou, mesmo com as perguntas sem respostas vagando em sua cabeça. Mas dessa vez, ela não se importou. Ela tinha agora tudo aquilo o que precisava.
