domingo, 9 de janeiro de 2011

- Fuga


Ela estava nervosa e suas mãos estavam trêmulas, mas ela continuou com aquela loucura. Vestiu o moleton, abriu a porta silenciosamente e correu, cortando a noite, congelando de frio. Ele estava lá parado, esperando-a com olhos anciosos, curiosos. No meio da noite, em baixo de um céu perfeitamente estrelado, eles se abraçaram. Se abraçaram como se fosse a última vez que fossem se ver, se protegendo contra o frio. Eles caminharam juntos de mão dadas, vagaram pela cidade, se beijaram e olharam de vez em quando no relógio. Podia até não ser o último dia que fossem se ver, mas não sabiam quando se veriam novamente. Desde que ela soube que teria que partir, todos os dias foram como se fossem o último. E todas as vezes que eles se viam, era como se existisse tudo o que estava faltando no tempo que estavam separados. Como se tudo estivesse completo de repente, de uma vez só. E a sensação era boa e agonizante ao mesmo tempo. Mas não importava o quanto ela soubesse que iria doer quando fosse embora, eles estavam juntos. Caminharam em direção a um banco, acomodaram-se confortávelmente e ficaram alí observando as estrelas, sentindo a brisa fria da madrugada.
- Não sei como vou viver quando você for embora. - Ele disse pensativo.
- Muito menos eu... - Os olhos da garota se encheram de lágrimas, como de costume todas as vezes que tocavam no assunto.
- Eu te amo, minha linda. E não importa o quão longe você esteja, você sempre vai ser a melhor coisa que me aconteceu. - Os olhos dele brilhavam. Ela chegou perto dele e sussurrou.
- Eu também te amo, pra sempre.
Ela não sabia se o 'pra sempre' realmente existia, mas sabia que dentro do peito dela aquele amor sempre iria existir, idependente do que fosse.