domingo, 7 de novembro de 2010

- Morte Interior

Ela estava lá, conversando com seus amigos, rindo e brincando até girar a cabeça para dar uma gargalhada e ver aquela cena. Ele estava sorrindo, segurando na cintura de outra garota que depois lhe deu um beijo. Ela sabia quem era a outra garota e sabia que aquilo iria acontecer uma hora, mas de qualquer jeito suas pernas ficaram fracas e a cor sumiu de seu rosto. Lágrimas surgiram e suas mãos começaram a suar e a tremer, seu corpo enrijeceu e sua mente vagou por outras lembranças, de quando era ela que estava no lugar da tal garota. Como todo o amor que ele sentia podia ter acabado tão rápido assim? Será que realmente foi amor? Será que tudo aquilo que eles viveram foi verdadeiro? Ela não sabia mais... Ela estava esmagada e dilacerada por dentro e tudo de repente perdeu o sentido. Aquilo era tudo culpa dela, era tudo culpa da grande escolha que ela teve que fazer. Ela se odiou e ficou tonta até escutar alguém chamar seu nome com a voz preocupada. Seu amigo lhe abraçou e perguntou freneticamente o que estava acontecendo. Ela queria falar, queria desabafar, mas a voz não saía. Seu pulmão ficou sem ar e dor que atingiu ela por dentro foi tão intensa, tão forte que ela não conseguiu se recompor. As lágrimas escorriam e um nó estava em sua garganta, ela queria gritar e se jogar no meio daquela pista cheia de carros. Talvez morrer fosse melhor do que tudo aquilo, mas então ela se lembrou da promessa que tinha feito a ele. Ela não ficaria triste, nem estranha, nem nada do tipo, ela só aceitaria que ele tinha seguido em frente e sofreria calada, sem demonstrar nada. Sorrir pela manhã e chorar o resto do dia, esse era o seu plano. Ela respirou fundo, enxugou as lágrimas do rosto e saiu cambaleando no meio daquela praça, até o carro de seu pai. Precisava chegar em casa e dormir, dormir mais uma vez para agüentar a dor que a triturava por dentro. Enfim ela entendeu que tudo havia acabado e que ela o havia perdido pra sempre, e o pior de tudo: era tudo culpa dela.