sexta-feira, 24 de setembro de 2010

- Last Time

Estava sentada esperando a qualquer momento ele aparecer pela porta lindo e sorridente como sempre. Mas ao vê-lo, estremeci. Seus olhos estavam duros e seu rosto estava lívido. Eu sabia bem o que estava por vir e estava preparada para aquilo.
- Oi. – Falei, tentando parecer irrelevante. Seus olhos tristes me fitaram e eu pude perceber que ele também já sabia o que estava por vir. Não queria que aquilo fosse doloroso demais, mais não podia driblar as reações do meu corpo.
Ele não falou nada, apenas me abraçou.
- Você sabia que uma hora isso iria acontecer, não sabia? – Falei baixo no seu ouvido enquanto sentia seus braços a meu derredor. Ele me olhou penetrantemente nos olhos e balançou a cabeça em sinal afirmativo. Eu sabia que estava preparada para aquilo, pensava, mais para tentar convencer-me.
- Eu quero que você saiba que nada significou mais para mim. Você é... Você é tudo. Não sei como vai ser daqui para frente, nem sei mesmo se vou poder suportar tudo isso, mas é o melhor a fazer, tanto pra mim como pra você. A última coisa que queria era te ter longe de mim, mas... – Sem perceber, estava chorando. Achava que estava preparada, mas tudo o que eu realmente havia feito era criado um muro para evitar pensar neste momento durante algum tempo. Agora eu podia ver que nada faria sentido daquele momento em diante. Nem sabia se era mesmo a melhor opção, mas tinha acabado de fazer minha escolha. Deixá-lo aqui.
Saber como eu estava doía, mas levantar meu rosto e ver aquelas lágrimas escorrerem de seus olhos, foi demolidor. Ele suspirou e me abraçou novamente. Escondi meu rosto na curva de seu pescoço e ficamos ali, parados, um sabendo exatamente o que o outro sentia, como uma conexão inexplicável. Por fim, ele suspirou.
- Eu te amo. – Ele disse com a voz quase inaudível.
- Eu também. – Estendi meu rosto até o dele e o beijei de uma forma doce e delicada, não precisava mais de nada naquele momento. Queria ficar ali para sempre.
Mas não podia. Olhei pela última vez seus olhos castanhos escuros que refletiam a luz da lâmpada, não conseguia mais parar de chorar. Me afastei dele relutantemente, soltei sua mão e andei até a saída. Olhei para trás.
- Vou sentir a sua falta. – Foi o que consegui dizer.
Ele continuava parado, olhando fixamente para o chão. Seu cabelo estava um elegante bagunçado para o lado e ele usava a camiseta que eu mais gostava, sua boca de um vermelho vívido estava apertada em uma linha fina. Mas o que mais doeu quando eu enxerguei, foi a dor aparente em suas lagrimas. Ele levantou o rosto.
- Eu também.
Virei-me e continuei andando entorpecida. Aquela foi a última vez que o vi.