segunda-feira, 5 de novembro de 2012

- Inverno


Sentia a tua falta. Não minto, nem ao menos me engano. Deitada no escuro, plenas três da manhã, as lembranças de nós dois estavam acompanhadas da insônia. As músicas que embalavam o nosso romance tocavam nos fones, em volume baixo, brando, para ritmar as lágrimas que caiam entrecortadas por sorrisos ao lembrar dos teus olhos brilhando pra mim. E dentro de mim, inverno. Com uma flor bonita, aqui e ali, quando lembrava tuas mãos acariciando o meu rosto e dizendo "sem você o meu dia é uma porcaria, sabia?". Me esforçava pra lembrar do fim, da parte ruim e da capa de ódio a qual me envolvia superficialmente. Mas não dava pra ficar assim pra sempre, porque um simples "bom dia" teu era o suficiente pra desmoronar tudo o que eu havia construído. Abri uma fresta da janela pra sentir a luz da lua invadir o quarto, me invadir. E fechei os olhos, decidida a tentar esquecer, tentar nunca mais pensar em nós. Pelo menos até a próxima noite, escondida por entre as cobertas e as lembranças de ti.