E eu sei que um dia você vai me ajudar a bagunçar a cama e
depois tirar no par ou ímpar quem vai arrumar, que você vai perder e que, ainda
assim, eu vou te ajudar. Eu sei que você vai querer cozinhar e vai acabar
queimando a panela nova, eu vou brigar e
depois nós vamos rir juntos da sujeira no fogão. Eu sei que vai ser a minha vez
de perder, portanto, terei que lavar a louça, e também sei que você não vai me
deixar o fazer em paz e vamos terminar no chão com litros de espuma espalhados
pela casa. Sei que você vai desligar a energia quando eu estiver no banho e vai
rir quando eu começar a gritar com a água gelada, vai apanhar calado depois, e
se contentar com um lençol jogado sobre o sofá. Sei que vai voltar pra cama no
meio da noite pra me proteger dos ladrões dos sonhos bons, que vai me abraçar
forte e esquentar meus pés frios. Sei que
de madrugada vou te acordar com o barulho da minha voz e com o toque do violão,
então você vai sentar na cama e me assistir te amar, sorrindo. Sei que você
vai chegar cansado do trabalho, e então vai ter forças hábeis pra me
segurar no colo enquanto eu reclamo do seu cheiro. Sei, no fundo, eu sei que
vamos deixar de ser eu e você e passar a ser nós. O nós que ama, que cuida, que
protege, que briga, que canta, que chora, que ri… Ou quem sabe, apenas nós, da maneira que for.
(Kimbelly Cavalcante, adaptado)