Quer que eu te diga o que mais dói? O abandono. Essa coisa de você ir embora e como despedida deixar estas palavras frias, esse abraço mecânico, são doloridas demais. E por mais que eu me esforce para lembrar de todas as coisas horríveis que você me falou, eu só consigo lembrar da sensação do seu abraço. Só consigo lembrar das nossas manhãs, tardes, noites, onde nós sorríamos e andávamos de mãos dadas pelas ruas, entre os carros, passando pelos obstáculos. Só consigo lembrar do abraço, das brincadeiras, e dessa saudade enorme de tudo isso que ainda está vivo dentro de mim. As lembranças fodem tudo. Por mais absurdo que o meu esforço seja, eu ainda vou me lembrar só das coisas boas que eu tinha por ter você comigo. E agora está tudo tão apático. As paredes parecem sem vida, e eu do mesmo estado, vou me misturando com elas. Querendo um alento, querendo encaixar em outro colo que não seja o seu. Sozinha no meu quarto, enrolada em uma bolinha de lágrimas e lençol, me pego cogitando as possibilidades de como poderia ser caso nós ainda estivéssemos juntos, caso você ainda estivesse aqui. Mais do que nunca, me sinto um passarinho com as asas quebradas. E sabe, eu só queria voar... Mas confesso, desaprendi sem você.