sexta-feira, 11 de novembro de 2011

- Talvez


Ela estava deitada na cama bagunçada, enquanto sentia o cheiro do café exalar pela casa. Seus olhos estavam incomodados com a luz fraca que entrava pela janela do quarto, mas quando ele passou pela porta, a luz tornou-se o brilho de um anjo que adentrara o ambiente. Os omeletes estavam prontos em um prato que ela não notou e o sorriso dele, mais lindo do que nunca, era a necessidade que ela sabia que nunca deixaria de ter. Ela não queria comer, não queria falar, não queria dormir. Queria só ficar ali, aninhada em seu peito, sentindo-se protegida de qualquer coisa, sentindo-se forte para enfrentar o que viesse. Ele beijou a ponta de seu nariz, enquanto acariciava a bonita pele de pêssego. Ela se sentia tão leve, que por alguns segundos acreditou que podia flutuar.
-  Não entendo. - Ela falou com a voz baixa.
-  O que você não entende?
- O fato de você estar aqui. As pessoas vão embora, sempre vão. Mas você cuida e permanece. E isso só me faz acreditar mais e mais que você nunca vai partir. Engraçado me ver cedendo a este pensamento e simplesmente aceitar o risco de uma hora te ver partir e levar um pedaço tão grande de mim. Acho que isso... Talvez seja amor. - Ela falou, mais para si mesma do que para ele. "Talvez seja amor" para não explicitar a certeza de seus olhos. E ele, mais que qualquer um, sabia disso.
- Cuido de você porque não posso te ver em risco. É como se por alguns segundos a minha vida estivesse em risco, você entende? E permaneço porque não sou capaz de viver sem você. É como... Oxigênio. E o dia que sair de perto de você, será só para existir. Viver, de verdade, só enquanto você estiver por perto. Você acha que talvez seja amor? - Ele terminou, corando as bochechas.
- Talvez. - Eles sorriram. Aquele típico sorriso bobo, acompanhado daquela estranha felicidade repentina. Ela estava de olhos fechados, deliciando-se com cada palavra que acabara de escutar. Acreditando feito boba. Amando feito louca. Sentindo feito pele. E decidiu que não queria sair nunca mais daquele lugar, daquele aconchego. Ele estava observando-a, encantado, não queria deixá-la sair daquele lugar, daquele aconchego.