domingo, 10 de julho de 2011

- Esperança


Eu já pensei em morte. Mas antes disso eu pensei em futuro, em presente. Antes disso eu lembrei do que me fez bem, do que me fez mal e do que não me fez nada. Eu lembrei das lágrimas, mas também lembrei dos sorrisos. Eu lembrei dos dias de glória, mas também lembrei do dias em que eu me arrastei por aí como um se estivesse sem vida. Eu lembrei de todas as pessoas. Todas mesmo. Desde as amigas que brincaram comigo de boneca, até aquelas que em um dia me abraçaram e no outro me largaram. Eu lembrei das pessoas que me fizeram sorrir, que me fizeram sofrer e dos rostos das que simplesmente figiram que eu não existia. Eu lembrei das palavras doces que me disseram, dos bons conselhos, das boas conversas, mas também lembrei das ameaças, das ofensas e dos silêncios. Eu pensei nos sonhos loucos que eu tive, e nos pesadelos que me fizeram acordar chorando no meio da madrugada. Eu percebi como as coisas mudaram. Como eu mudei. Eu lembrei das horas que eu estava em desespero, querendo me atirar pela varanda e acabar com tudo, mas também das horas que eu estava tão feliz que queria viver para sempre. Lembrei de quando me deram tudo e depois me arrancaram de uma vez, lembro de quando fingiram que me davam algo, mas na verdade nunca me pertenceu. Eu lembrei das cartas que eu escrevi, das que recebi e  me perguntei o que as pessoas haviam feito com aquelas palavras. Eu lembrei de quando destruíram os meus sonhos, mas também lembrei de quando eles foram concebidos. Estavam lindos nos dois momentos. Eu lembrei das vezes que eu me ajoelhei e orei por pessoas que eu amava, e das manhãs que eu simplesmente ignorei Deus. Eu pensei em todas as pessoas que eu chamei de "melhor amigo", assim como pensei nas que eu nunca quis me aproximar. Eu pensei em tanta coisa, eu coloquei tanta coisa na balança. E então eu pensei em morte. E se tudo acabasse ali? Tanta gente disse que sentiria a minha falta e nunca sentiu, ou até sentiu por alguns meses, mas depois se acostumaram sem mim. Tanto medo do que me esperava no futuro, e se eu não conseguisse realizar meus sonhos, meus desejos? Tanta cobrança pra ser a filha perfeita, a aluna perfeita, a dona de casa perfeita, a amiga perfeita, a garota perfeita... Eu não queria ser perfeita, mas o fato de eu não querer, não impediria as pessoas de cobrarem. Eu sabia que podia acabar com tudo aquilo. Eu pensei tantas vezes em morte, tantas vezes doeu, tantas vezes tudo acabou, tantas vezes eu disse adeus. Mas dentro de mim tinha uma coisinha, muito presente no meu coração que se chamava esperança. A esperança de que um dia eu encontraria um cara do jeito que eu queria, que eu teria amigos que estariam ali e realmente estariam, que eu conseguiria realizar todos os planos que eu tinha feito, que meus filhos seriam lindos... A esperança que ainda tinha como eu encontrar a paz, a felicidade e a estabilidade que eu tanto queria. E então eu pensava em vida. Fechava os olhos e em vez de lembrar, eu imaginava como uma criança que não conhece nada. Imaginava sem medidas, sem barreiras. A esperança é a coisa mais bonita que um homem pode possuir. Depois que ela se vai, o que nos resta?