terça-feira, 7 de setembro de 2010

- Boa Noite, Cinderella

Ela estava desesperada. Não tinha a intenção de escutar aquilo. Sua mãe havia sido clara, assim como suas palavras.
A garota estava varrendo a poeira do pátio da casa quando ouviu através da fresta da janela sua mãe combinando com sua avó os últimos detalhes da ida dela para aquela cidade repugnante. Não entendia como em algum dia já havia amado aquele lugar, não entendia como já havia sido feliz alí. A garota lutava para sugar o ar para dentro dos pulmões e não conseguia, as lágrimas queimavam seu rosto. Ela saiu dali, apoiando-se relutante nas paredes, indo parar no quarto aonde poderia estar só para chorar baixo, quase inaudível. Ela ainda não havia encontrado o ar, estava morrendo por dentro. E então pode enxergar toda a mobília que estaria alí a alguns mêses depois. Ela apertou os olhos, não queria mais pensar. Adormeceu e tudo ficou escuro.